quarta-feira, 1 de outubro de 2014

epontofinal

- Você acha que a gente vai dar certo? - Queria tanto afirmar um sim com total convicção.
- Não sei! Eu não sei mesmo se vamos dar certo.
- Por que?
- Sabe... talvez depois de mim você seja bem feliz. Encontre uma pessoa que realmente irá lhe fazer se sentir bem, pleno e com vontade de gritar ao mundo essa alegria.
- Por que está dizendo isto?
- Eu vou cansar, em algum momento eu vou cansar. Mas não vou desistir, sou assim, vou continuar, tentarei juntar todas as peças e nos manter ali, firmes. Mas, daí eu vou começar a te sufocar e daí você irá se cansar, e irá apontar isso pra mim, mas eu continuarei persistindo. Porque é o que eu faço, eu tento concertar coisas, situações e pessoas.
- Se você já sabe de tudo isso, porque continuar?
- Eu já disse, sou assim... e enquanto eu gostar de você tão forte e intensamente como gosto, eu irei tentar.
- Mas talvez eu... - desista! - desista.

domingo, 27 de novembro de 2011

semsentirdo (r)

- Me arranja um copo de vinho!
- Taça?
- Eu disse copo, quer me oferecer novos caminhos também?
- Desculpa senhora, eu só queria entendê-la! - vá pra merda.
- Não é uma boa ideia, só o copo de vinho mesmo, ta ótimo!
Virou-se, resmungando consigo mesmo, esperando que eu escutasse toda sua ladainha, mas não seria justo apontar-lhe o dedo, não havia motivo algum.
- Deixa pra lá, seu moço, é senhorita... só pra constar, e não desejo nenhuma bebida mais não tá?!
Levantei-me sem esperar que ele falasse qualquer coisa.
É sempre tão fácil oferecer aos outros o que parece mais lógico, menos doloroso, mas que coisa é essa de falta de dor?! Não ta dentro de ninguém, é impossível.

domingo, 24 de outubro de 2010

Encontro Antigo

Eu estava apressada, precisava chegar no horário certo, aquela aula não era de muito acordo. Exagerei nos passos, até meus olhos fixarem num alguém que me lembrava um alguém do passado.
Era a mesma fala, o mesmo pescoço que eu adorava sentir o cheiro doce, as mesmas pernas brancas, o mesmo sorriso com dentes brilhantes, as mesmas mãos que se entrelaçaram com as minhas, era a mesma pessoa, o mesmo tudo.
Meus olhos caíram, ficaram esbugalhados e tristes ao mesmo tempo, meus pés diminuíram o ritmo, meu corpo acelerou tudo, meu sangue circulou mais rápido, e minha boca quase disse seu nome, meu pensamento não me deixou fugir daquele corpo.
Tudo que eu não queria, é que o destino de alguma forma fosse o mesmo, não aguentaria se aqueles olhos negros me olhassem, não aguentaria olhar tudo de frente, reagir de alguma forma não me parecia nenhum pouco possível.
Só pude acelerar o passo, depois que vi seus pés seguindo para frente, enquanto meu corpo comandava o meu caminho, que virou à direita. Meus olhos continuaram seguindo o rumo que eu não fazia, só se fixava numa tristeza com temor..
Quando consegui trazer minha atenção para o que eu queria de fato, andei na velocidade que quis, quase correndo fui direto para onde não seria possível aqueles ombros finos me alcançar, pois ainda seria o mesmo destino, ainda havia uma ligação entre nós quando meus olhos descansaram do outro movimento.
Entrei no transporte, não havia aquela presença, meu corpo estava aliviado, meus olhos ainda tristes e redondos ainda procuravam aquela face magra. Permaneci naquele transe até o celular tocar e me acordar daquela realidade, pra outra.

domingo, 1 de agosto de 2010

Reserva errada

- O que são aqueles vidros na prateleira?
- Minhas decepções. - saiu com total frieza.
- Mas não há nada dentro dos vidros.
- Continuam sendo minhas decepções.
- Você possui vidros demais colecionando decepções, há outra prateleira com outro tema? - me fez pensar e entender onde o meu 'foco' morara.
- Ainda estou esperando.
- Esperando o que? - era possível ver uma confusão em sua face.
- Esperando um novo pote, sem decepção, para talvez abrir uma nova coleção, ou fazer-se só e feliz em uma prateleira nova.
- Já comprou a prateleira? - perguntava demais.
- Não..
- E porque não?
- Não vou comprar uma prateleira para um frasco de vidro que ainda não apareceu. - parecia lógico aos meus ouvido, mas não aos seus.
- Há espaço vago na prateleira de decepções. - era necessário mais espaço, fato.
- Para os próximos frascos, os que estão por vir...
- Esse é o seu problema, você conta com a decepção, só deixa espaço para ela, enquanto tantos outros potes estão desejando completar uma outra prateleira... - não, não.
- Não! Você não sabe dos meus frascos, nem de minhas prateleiras, nem de mim...
- O pouco que eu vejo, é o pouco que eu sei... alias é o pouco relevante. - fitei os meus frascos, a minha coleção de dores.
- Eu preciso de um frasco novo, para a prateleira nova, foi assim com o primeiro desta coleção.
- Então reserve mais espaço para as decepções, porque elas virão junto com o que espera. - entendi.

domingo, 6 de junho de 2010

vinho, taça e marcas

- Tem como você juntar esses cacos aí, pra mim?
- Não! - era tudo que eu não precisava naquele momento.
- Por favor?!
- Eu não posso, não consigo. - derrubar a porcaria da taça, com todo meu vinho ela conseguia, né?!
- Não consegue...
- Desculpa, mas eu não posso mais. - isso era mesmo a respeito da taça?
- Não pode mais o que?
- Isso, tudo. Eu não posso mais fazer isso entende? - não, eu não entendo.
- Ta bom, tchau! - ela não moveu nenhum dedo, dando sinal de que sairia da minha casa, ou que se aproximaria de mim.
- Olha, eu... - eu não podia ouvi-la naquele momento, eu não queria, eu precisava que ela saísse de verdade.
- Não. Você não precisa se explicar. Só me dê licença, pra eu juntar os cacos. - ela desviou seus olhos de mim, pegou sua bolsa preta com estampa, e saiu porta afora.

Olhei pela janela, aquela minha parte bonita sair da minha casa, sair de mim, não querendo mais a mim. Eu me sentia em um filme, onde as coisas iriam se resolver e tudo voltaria, ela voltaria... mas ao olhar o vinho que manchava o tapete que um dia compramos, e os cacos espalhados pela sala de estar, não pude controlar tudo que vinha em mim.
Era como usar cola, para unir os cacos e ter de volta minha taça.. se eu colocasse vinho dentro desta, ele começaria a escorrer pela taça, passando por entre os pedaços juntados.
Me levantei querendo sair de mim, fui ao meu quarto, me deitei e olhei para o teto... agora era o momento de começar a reescrever canções, seria tudo-denovo, e isso me parecia um ciclo, já que era sempre recomeçando... era um caos, um saco ter que olhar novamente para os lados, e esquecer o que havia acontecido.
Minha taça preferida, estava espatifada... meu vinho com o melhor gosto, estava marcado no tapete que eu gostaria de odiar.
Não chorei, não sorri... quando era necessário havia fingimento, havia um "tudo bem" que vinha de mim, da boca pra fora. Estou há algum tempo tentando tirar a marca do vinho, e juntando quando acho os cacos que ela se recusou.

terça-feira, 25 de maio de 2010

mais paixão, por favor!

- me vê mais um pouco de paixão, por favor?
- ô moça, desculpa eu me intrometer... mas a senhora num acha que já chega? - entre o que eu acho e quero, há uma distância relevante.
- ah!um pouco mais, um pouco menos... mata?
- a senhora é quem sabe. a propósito, é por unidade, e a senhora já tem uma paixão lotada aí. - eu nem conseguia perceber que havia paixão comigo.
- então me vê mais uma, porque essa não preenche nada.
Ele pegou a paixão, que gritava em som triste e colocou em cima do balcão. Eu esqueci de lhe avisar que essa era sem defeito.
- mas essa paixão está triste demais.
- a senhora se acostuma, essa paixão aí já teve dono, mas ele precisou ficar sem ela por um tempo, vez em quando ele dá uma aparecida por aqui, mas sequer deixa a bendita saber, agora ela grita triste... mas não se preocupa, ela gritava estranhamente antes desse dono que eu lhe disse.
- era grito de que?
- ninguém nunca descobriu, só sabemos do agora, e ainda assim com um pouco de incerteza, porque ela é complicada sabe moça. Bom, a senhora não pode devolver até fazer um relatório, falando um pouco dela, de como é viver com essa paixão... ou então, pode pagar à mais e devolver.
Só fiz que sim com a cabeça, pro homem. Mesmo sabendo que ela gritava triste eu aceitei, e não sabia nem o porque. o fato é que sempre gostei de paixões diferentes, agora tenho duas e só vejo uma.

sábado, 22 de maio de 2010

30 de abril de 2010

Achei um pedaço de uma sexta, marcada!
"Não há mais nada, acabou por aqui, chega de pedaços em cantos esmagados, chega de lágrima, chega de perguntar o porque, chega de você, quero só a mim, quero um pouco do meu orgulho pra valer tudo.
Quero o nada, quero um pouco demais, quero um quero, quero um ter e não ter, quero explodir, quero só sorrir, mas não dá, não é de se controlar, quero bem, bem sem, quero logo, quero só assim um pouco, chega de evitar meus querer's.
Tudo dói, tudo vem, tudo vai, tudo vai, tudo fica e não fica suficiente, preciso de um pouco mais, preciso de um pedaço grande seu por aqui, pra me fazer assim, preciso de luz, luz de você, luz que só chega.
Mas me sinto fraca, como se fosse pouco, pouco pouco por não estar incluso você comigo, não quero mais só um ombro amigo, já sei de pouco, sei de muito, só sei dos meus querer's, não sei nada de ter, só sei das músicas que um dia imaginei tocando pra nós, te amo, te odeio, tudo varia, nada fica, só passa, o que fica é uma dor, uma coisa que se apossa de mim, meu querer, meu ter, meu você, meu eu já está meio perdido.
Eu tô marcada, tô enganada, tô assim só estando, só ficando como dá, como se nada fosse suficiente. Quero fingir, não quero, só não aguento, não posso, não dá pra olhar pra você, aí longe de mim, com qualquer alguém assim, dói sim faz mal, faz muito mal, e está assim longe de ser bem.
Exausta, cansada do mundo, cansada de estar assim, não sou porto seguro, não sou mais nada e ainda continuo sendo tudo. Tudo está longe, tudo aqui e lá, você sorri e eu?"

Parte de mim, parte de você... e parte dela.