terça-feira, 25 de maio de 2010

mais paixão, por favor!

- me vê mais um pouco de paixão, por favor?
- ô moça, desculpa eu me intrometer... mas a senhora num acha que já chega? - entre o que eu acho e quero, há uma distância relevante.
- ah!um pouco mais, um pouco menos... mata?
- a senhora é quem sabe. a propósito, é por unidade, e a senhora já tem uma paixão lotada aí. - eu nem conseguia perceber que havia paixão comigo.
- então me vê mais uma, porque essa não preenche nada.
Ele pegou a paixão, que gritava em som triste e colocou em cima do balcão. Eu esqueci de lhe avisar que essa era sem defeito.
- mas essa paixão está triste demais.
- a senhora se acostuma, essa paixão aí já teve dono, mas ele precisou ficar sem ela por um tempo, vez em quando ele dá uma aparecida por aqui, mas sequer deixa a bendita saber, agora ela grita triste... mas não se preocupa, ela gritava estranhamente antes desse dono que eu lhe disse.
- era grito de que?
- ninguém nunca descobriu, só sabemos do agora, e ainda assim com um pouco de incerteza, porque ela é complicada sabe moça. Bom, a senhora não pode devolver até fazer um relatório, falando um pouco dela, de como é viver com essa paixão... ou então, pode pagar à mais e devolver.
Só fiz que sim com a cabeça, pro homem. Mesmo sabendo que ela gritava triste eu aceitei, e não sabia nem o porque. o fato é que sempre gostei de paixões diferentes, agora tenho duas e só vejo uma.

Um comentário:

  1. Adoro narrativas. Adoro subejetividade. Adoro fantasia, magia, arte.
    Mais que isso amo você, e seu jeito singular, único e seu dom indiscutível com as palavras.
    Talvez essa paixão só precise de tempo. De uma boa dose de realidade, de viver. Talvez ela precise tirar as lentes embaçadas, tomar um copo d'água, respirar fundo e olhar a sua volta. Só. Talvez, só.

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